sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Esperança de intimidade com Deus


Reflexões no Salmo 26

“Faze-me justiça, Senhor, pois tenho andado na minha integridade e confio no Senhor sem vacilar. Examina-me, Senhor, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos. Pois tua benignidade tenho perante os olhos e ando na tua verdade. Não me assento com homens falsos e com dissimu-ladores não me associo. Aborreço a súcia de malfei-tores e com ímpios não me assento. Lavo as mãos na inocência e, assim, andarei, Senhor, ao redor do teu altar, para entoar, com voz alta, os louvores e proclamar tuas maravilhas. Eu amo, Senhor, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste. Não colhas minha alma com a dos pecadores, nem minha vida com a dos sanguinários, em cujas mãos há crimes e cuja destra está cheia de subornos. Quanto a mim, ando na minha integridade; livra-me e tem compaixão de mim. Meu pé está firme em terreno plano; nas congregações, bendirei o Senhor”

Há uma tênue linha divisória entre certas virtudes desejáveis e seus opostos. É o caso daquela que separa humildade e orgulho. Até onde somos humildes e até onde falsos modestos. Até onde orgulhosos e até onde simplesmente realistas e sinceros?

O salmo 26, numa leitura apressada e descomprometida, passará a falsa impressão de tratar-se de uma expressão egocêntrica e exagerada da vaidade do salmista. Quem ele pensava que era? Que afirmações são estas a respeito de sua própria integridade, caráter e virtudes? Será que não passava de um soberbo?

O salmo em questão não é produto da arrogância de um presunçoso narcisista. Pelo contrário: é fruto da intimidade de um crente, cujo profundo relacionamento com Deus habilita-o a falar de si mesmo sem máscaras ou fingimentos. Não a um outro qualquer, mas àquele que sonda e prova corações (Examina-me, Senhor...).

Trata-se, portanto, não de uma auto-exaltação, mas de um formidável exemplo da possibilidade de um relacionamento íntimo com o Senhor. É um salmo de esperança e desafio para crentes como nós, ainda hoje. Observá-lo com atenção habilita-nos a confiar nesta possibilidade.

Em primeiro lugar, há de chegar o dia em que seremos íntimos o suficiente para não temermos nossa própria exposição diante de Deus (prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos). Não porque seremos perfeitos, mas porque já não nos envergonharemos e nem carregaremos culpa por nossos pecados. Estaremos absolutamente convencidos do amor que nos acolheu como somos: humanos (a tua benignidade, tenho-a perante os olhos...).

Há de chegar o dia em que seremos íntimos o suficiente para não nos moldarmos ao pecado em nome da auto-estima e da aprovação (...com os ímpios não me assento). Não porque seremos melhores ou mais puros, mas porque estaremos satisfeitos com a aprovação que vem de Deus (Lavo as mãos na inocência...).

Há de chegar o dia em que seremos íntimos o suficiente para não vivermos de religião, mas da alegria e do prazer da adoração (andarei, Senhor, ao redor do teu altar... Eu amo, Senhor, a habitação de tua casa...). Não será, jamais, por medo ou interesse, mas em amor sincero por Deus e por seu Reino.

Finalmente, há de chegar o dia em que seremos íntimos o suficiente para não mais duvidarmos das bênçãos e da herança em Deus (nas congregações, bendirei o Senhor...). As adversidades (Não colhas a minha alma com a dos pecadores, nem a minha vida com a dos homens sanguinários...) não superarão a confiança e o descanso no cuidado amoroso e fiel de Deus (Meu pé está firme em terreno plano).

E por que tudo isso? Porque, um dia, um simples salmista pôde orar: ando na minha integridade. Porque, um dia, um homem chamado Jesus de Nazaré, filho de Deus e Deus encarnado, assumiu nossas fraquezas e nos mostrou o caminho para a intimidade de Deus. Porque, um dia, o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja, para que os cristãos pudessem ser socorridos e ajudados em suas fragilidades. Louvado seja o Senhor!

Pastor Marcelo Gomes


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