sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A TEOLOGIA DO PERDÃO


Algumas vezes tive a oportunidade de ouvir ministros da Palavra de Deus, argumentarem sobre a necessidade do perdão, isso inclusive nos meios de comunicação. Certamente é uma das disciplinas bíblica, que deveriam ser mais salientadas, visto a sua importância, e sua dimensão para o crescimento e libertação dos traumas ocasionados pela “retenção” do perdão. Shakespeare certa vez afirmou: “guardar ressentimentos e mágoas de alguém, é como se tomássemos veneno, e esperar que o outro morra!!”, pretendo concordar com esta afirmação. O quê causa estranheza, da teologia do perdão, argumentada por alguns pregadores é: “O Evangelho nos mandar PEDIR perdão, para alguém que nos OFENDA”

Qual seria realmente a instrução bíblica sobre o perdão? O quê Jesus e os apóstolos realmente nos ensinaram sobre Perdão? Abordemos o caso:

1. Lucas 17:4 “e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe”.

2. Marcos 11:25 “E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas”.
3. Mateus 6:14-15 “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”.

Preste atenção agora neste verso: “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...” Lc 23:34. Veja bem, que Cristo NÂO está pedindo perdão!! Ele está INTERCEDENDO ao Pai por perdão. Uma outra passagem que pode ser distorcida em relação ao perdão,é quando Jesus, traído por Pedro na fatídica noite de sua paixão, agora ressureto, pergunta 3 vezes se Pedro o amava, e oferece a continuação do ministério terreno. Aqui Jesus NÂO está pedindo perdão a Pedro, pois este o ofendeu. Jesus está OFERECENDO perdão a Pedro.

Aqui está a estranheza desta posição: DEVEMOS PEDIR PERDÃO A QUEM NOS OFENDE? BIBLICAMENTE EU SOU CATEGÓRICO EM AFIRMAR: NÃO. Não existe base bíblica para sustentar tal teologia. A Bíblia nos orienta a sempre estar disponível a perdoar, a quem nos ofende. Uma vez ouvi uma irmã argumentar sobre perdão:

- estava argumentando determinado assunto, e a minha ouvinte me esbofeteou. Não tive dúvida, passado algum tempo liguei para ela e pedi perdão.

-Você a ofendeu? – argumentei

-Não- disse ela

-Então entendi! Você ofereceu perdão a ela?

-Não! Eu pedi perdão por ela ter me batido!!

Isso não é estranho? Pedir perdão a alguém que te ofendeu? Outro dia vi um pregador na TV inferir a mesma coisa, ele disse: “devemos “liberar” perdão. Outro dia um irmão me ofendeu,e eu não tive dúvida liguei para ele e disse:

– Olha, estou te ligando para pedir perdão.

- Por quê? - Perguntou o irmão

- Se você me ofendeu, eu devo (??? Sim ou não?) ter dito alguma coisa que te magoasse”

Aqui está a coisa errada .De duas uma:

• Ou ele REALMENTE ofendeu o irmão, ai sim carecia de pedir.

• Ou falta entendimento em relação à matéria, e está facilitando o irmão, em manter uma atitude errada.

Quando Jesus perguntou a Pedro: “Tu me amas”, Jesus inferia a seguinte questão:

Pedro, você aceita o meu perdão? Vamos deixar o passado para trás, e vamos viver um novo tempo? EU TE PERDOÔ. Pedro,Você me negou. Você está ERRADO. Você não é mais merecedor deste trabalho, mas vamos lá! Eu também deixo isto no passado, agora eu tenho um trabalho pra você!! Jesus aqui ensina a direcionar as pessoas erradas, em oferecer perdão, mesmo que seja indiretamente, conforme o nível de compreensão da pessoa.

Atente sobre isso:

• Oferecer perdão quando estamos balizados na Palavra. Pedir perdão quando estamos errados. Isso é bíblico

• Pedir perdão, quando a pessoa está errada, e nos ofende. É um modo infantil de instruí-la no erro.

Deus nos ofereceu perdão nos dando Cristo (Jo 3:16). Que ELE nos ensine a estar disponíveis a perdoar, e ao mesmo tempo estender as mãos aos que nos ofendem. Deus, nos dê discernimento para entendermos essas verdades!!

No amor de Cristo,
Gilson R. de Abreu

Nenhum comentário:

Postar um comentário