sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Verbo da Vida


“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da Vida (Jesus Cristo)... Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.” (I João 1.1-4)

Todas as nossas tentativas de reconciliação com Deus depois do pecado foram frustradas, as religiões criadas pelo homem não nos aproximam de Deus, ao contrário disto, nos separam também do humano, fazem com que muitas pessoas vivam alienadas da vida, do sentimento de amor e do respeito pelo próximo. Com o avanço das religiões passamos a concorrer, uns contra os outros, com nossas convicções e interpretações equivocadas das Escrituras e das tradições do cristianismo, brincamos com Deus, com a Palavra e com a vida humana. Fazemos guerras, matamos pessoas, defendemos nossas convicções não pelo seu conteúdo, mas pela negação do outro. Queremos a Igreja só para nós, colocamos nomes de efeito, criamos um monte de fetiches, rituais que nada tem haver com a manifestação graciosa da cruz de Cristo e para nada servem, senão a satisfazer às vontades de quem os criou. Criamos nas pessoas sentimentos materialistas, individualistas e desumanos, que fazem com que fiquem cegas ofuscadas pelo brilho do desejo de tornarem-se grandes, de conquistar tudo e sub-julgar o próximo, o que faz com que os que a isto se entreguem acabem desejando cada vez mais, até que a ganância os engula. Tudo isso em nome de Deus. Aliás, na cabeça destas religiões criadas pelo homem, o lugar de Deus é servindo porque o trono está ocupado pelos grandes ícones da religião. O lugar onde Deus existe está limitado à mente e aos templos onde os “grandes e divinos” líderes interpretam e ditam todas as regras.

Jesus confrontou esse tipo de religião. O Verbo da Vida abriu o jogo sobre o que Deus pensa destas religiões quando libertou a pecadora das garras tiranas dos religiosos, curou e trabalhou no sábado (sagrado para a religião da época que não permitia que nada fosse feito) mostrando qual deveria ser o lugar dos ritos na vida da Igreja. Disse que estas religiões não precisam de Deus porque elas já têm os seus deuses (os que se acham sãos não precisam do médico). Entrou com um chicote no templo acabando com o mercado da fé, onde se comprava e vendia as coisas sagradas (como nos dias de hoje). Quando entrou no templo Jesus mostrou a deformação e o abismo em que a Casa de Deus se encontrava, chamou de ladrões e salteadores os líderes religiosos de seu tempo e cobrou zelo e reverência, santidade e respeito às coisas do Pai. Foi a religião quem decidiu matar Jesus porque estava tirando deles a oportunidade de lucrar, estava abrindo os olhos do povo e falava o que eles não queriam ouvir. Por isso, o apóstolo Paulo disse em uma das suas cartas que a cruz é escândalo e vergonha. O Caminho de Deus é diferente porque valoriza os princípios universais de humanidade como a dignidade, a liberdade, o respeito, a igualdade e a vida. O Caminho de Deus é diferente porque não instiga a humanidade à grandeza e ao poder em detrimento do outro, mas convoca a todos para darem as mãos e servirem-se mutuamente porque só há uma humanidade. E, isso não é voto de pobreza, mas desejo de que todos prosperem. O Caminho de Deus é diferente porque se revela pelo amor, pela paciência e pela defesa da vida, seja ela em quem for, a vida é de Deus e deve ser protegida e alimentada pelo amor. O Caminho de Deus é diferente porque começa, continua e termina pelo amor e, amor aqui não é sentimento de possuir, mas de doar-se ao e pelo outro (como em João 3.16). O Caminho de Deus é diferente porque é de Deus, porque é Jesus (João 14.6), o Verbo da Vida. A Palavra da Vida. O Deus encarnado como prova de amor. A Vida que gera e humaniza a vida.

A Igreja é extremamente necessária quando permite às pessoas encontrarem e crerem em Jesus Cristo, quando não manipula o conhecimento de Deus para dominar e sub-julgar o próximo, quando se revela pelo amor e pela paciência para com todos. Quando não vive para acusar e excluir, mas para amar e auxiliar cada um na sua caminhada. A Igreja é extremamente necessária quando entende que é formada por pessoas que servem a Jesus servindo aonde Deus as colocou e que não é um lugar, ritos ou uma outra coisa qualquer. Mas, também, é extremamente desnecessária quando se torna instrumento de dominação, quando vira apenas uma instituição, quando manipula e usa as pessoas para alcançar seus fins, quando zomba da cruz buscando as grandezas e pisa na graça impondo a Deus a obrigação de fazer o que desejam como se Deus nos devesse alguma coisa. Quando pesam cargas absurdas sobre as pessoas e nem com um dedo as ajudam a carregar, quando falta o amor e vem a acusação e o julgamento. A Igreja é extremamente desnecessária quando os seus valores se igualaram aos daqueles que buscam os lugares mais altos e se tornam verdadeiros algozes do seu próximo.

Precisamos olhar para Jesus, não aquele que é desenhado pelas religiões, devemos olhar para o Jesus da Bíblia, do evangelho, o Filho de Deus que encanta pelo seu amor e se doa para que possamos voltar a ser humanos. O pecado e as religiões criadas pelos homens nos desumanizam e nos fazem escravos, nos corrompem e nos levam a morte. O evangelho manifestado em Jesus Cristo nos livra do pecado dando-nos uma nova vida, nos santifica no Espírito dando-nos uma vida nova, no chamado nos capacita nos fazendo úteis no reino e servos uns dos outros. Nos garante a vitória sobre a morte, vivificando-nos a cada dia e garantindo a humanidade eterna, plena de Deus e livre da corrupção. Por isso, Jesus é o VERBO DA VIDA, porque é Palavra que dá vida, nos torna livres e nos livra da morte eterna.

Pastor Mauricio Baniski

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