quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um pai cego de amor


Não faz muito tempo um pastor amigo meu me contou que lutava com sua filha de quinze anos de idade. Ele sabia que ela tomava anticoncepcionais, e várias noites nem havia voltado para casa. Os pais tentaram várias formas de castigo, sem resultado. A filha mentia, enganava, e ainda encontrou um jeito de acusá-los: "A culpa é de vocês, por serem tão rigorosos!".

Meu amigo me disse: "Eu me lembro de ter ficado diante da janela da sala de estar, olhando para a escuridão, à espera de ela voltar para casa. Eu sentia tanta raiva. Eu queria ser como o pai do Filho Pródigo, mas estava furioso com minha filha pelo jeito com que ela nos manipulava para nos machucar. E, naturalmente, ela se machucava mais do que ninguém. Eu compreendi a passagem nos profetas expressando a ira de Deus. O povo sabia como machucá-lo, e Deus gritava sentindo dor.

"Mas, vou-lhe dizer, quando minha filha voltou para casa naquela noite, ou quase no dia seguinte, o que eu mais desejava no mundo era tomá-la em meus braços, confessar o meu amor por ela e dizer-lhe que queria o melhor para ela. Eu era um pai desamparado, cego de amor."

Agora, quando penso em Deus, levanto a imagem do pai cego de amor que está a milhas de distância do monarca severo que eu costumava imaginar. Penso em meu amigo de pé diante da janela da sala de estar perscrutando dolorosamente as trevas. Penso na descrição que Jesus fez do Pai que espera, sofredor, insultado, mas desejando mais do que tudo perdoar e começar tudo de novo, para anunciar alegremente: "Este meu filho estava morto, mas reviveu; estava perdido, e foi achado".

O Réquiem, de Mozart, contém uma frase maravilhosa que se transformou em minha oração, uma prece que faço com confiança cada vez maior: "Lembre-se, Jesus misericordioso, de que eu sou o motivo da sua viagem". Creio que ele se lembra.


Do Livro: MARAVILHOSA GRAÇA - PHILIP YANCEY

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