- Quem é o Pastor Mauricio Baniski?
Sou pastor da Igreja Presbiteriana Vida Nova em Cambé. Nasci em Curitiba, em 1971. Pastor ordenado desde 2004. Fundador da Igreja local.
2 - Como se deu o seu processo de caminhada na fé até tornar-se Pastor?
Desde que me conheço por gente sinto chamado para o sagrado. Lembro que pequeno ainda, com meus 8 ou 9 anos, no colégio interno “Bom Menino” onde fiquei por dois anos, colecionava aqueles panfletos “Deus Conosco” que trazia das Missas e ficava lendo e imitando a maneira dos padres fazerem a celebração. Com 10 anos, quando fui pra casa da minha mãe, com meus irmãos, comecei a participar da Igreja Presbiteriana onde me identifiquei e, desde que me tornei membro sempre estive envolvido e trabalhando em ministérios da Igreja, até que fui para o Seminário onde fiz teologia e depois, na minha denominação fui ordenado pastor. No mesmo tempo em que entrei no Seminário, iniciamos uma Congregação num bairro da minha cidade onde hoje está construída e organizada a Igreja que pastoreio.
3 - Estamos em pleno século XXI. Como você vê o surgimento de tantas novas Igrejas?
Ao contrário do que a maioria dos Modernos acreditavam (que neste tempo a religião seria desnecessária). Hoje, mais do que nunca ela reflete a necessidade que o ser humano tem do sagrado. Respeito quem pensa diferente, mas creio na existência de Deus e na necessidade que temos dEle em nós, pra que sejamos completos. Por isso, essa busca acontece e sempre vai acontecer. Além disso, a curiosidade com “o que está do outro lado”, o confronto humano com o fim e o reconhecimento de que não é capaz de sozinho resolver todos os seus problemas apontam para essa busca.
Apenas sinto, porque mesmo com tantas religiões cristãs novas, surgindo a cada dia, o cristianismo, na sua maioria, não esteja adquirindo uma qualidade melhor de comportamento e evolução. É triste ver um povo se dizer cristão e continuar fazendo as mesmas barbaridades de antes. Não acho que hoje a Igreja é melhor ou pior que no passado. Vejo apenas que, olhando para o nosso passado e reconhecendo os nossos erros deveríamos estar melhorando. Creio que essa é a lógica da fé cristã (João 8.32). À medida que vamos conhecendo (experimentando) a Verdade, vamos sendo libertos.
Esse monte de Igrejas que surgem é, também, parte de um fenômeno dos tempos em que vivemos. Se fizermos um levantamento histórico da caminhada da Igreja, vamos verificar que, naturalmente, ela sempre acompanhou o desenrolar da história da humanidade. O mundo inteiro passa por esse processo de proliferação.
Penso que seria mais interessante, em vez de criar novas, transformar as que já existem. Mas isso, todos nós sabemos é difícil também. Aliás, esse é um motivo importante de interesse das pessoas por estas novas Igrejas. As Igrejas mais antigas ficaram engessadas.
4 - Quais são os principais elementos que ajudam a uma Igreja a se tornar verdadeira anunciadora do Reino de Deus?
O elemento essencial da Igreja cristã é a GRAÇA de Deus. No cristianismo é a partir da graça que todas as coisas acontecem. Essa é a mensagem: “Deus deu tudo e fez tudo por quem nada merece e nunca vai merecer”. Somos todos devedores e a única contribuição que demos para que Ele manifestasse a salvação, foi o nosso pecado. Creio assim: depois que ouvimos a Palavra, cremos nessa Mensagem e nos comprometemos (o sentido do batismo), somos salvos e Deus nos faz plenos do Espírito Santo e, a partir daí feitos anunciadores ( testemunhas) do Reino, experimentando diariamente a Verdade (Jesus Cristo – João 8.36; 14.6) que nos deu uma NOVA VIDA (fomos re-criados em Cristo) e a cada dia nos oferece uma VIDA NOVA (nos transformando através do seu agir em nós). Nesse processo, bom é quando não é necessário palavras, porque a nossa vida anuncia esta transformação que vai sendo completada por Aquele que, em nós, começou a boa obra.
Somos todos alvos que a GRAÇA deseja alcançar e uma vez alcançados, feitos FLEXAS que Deus deseja lançar para tocar outros.
5 - Qual é a sua opinião acerca do diálogo entre as diferentes denominações cristãs?
A base do cristianismo é o amor. E, o amigo inseparável do amor é o respeito. Já matamos demais por causas religiosas e, creio que nenhuma destas atitudes que tivemos aconteceu sob o consentimento de Deus. Na verdade, penso que essa era uma pergunta que jamais o cristianismo deveria ter que fazer. Se aproximar, dialogar, amar, respeitar, servir... é a natureza de Deus e, por isso, deveria ser a nossa.
Nós todos, somos por natureza idolatras, impuros pelo pecado e blasfemos e, mesmo assim, de graça, Ele veio até nós, vestiu as nossas vestes e nos ofereceu as dEle. Ninguém é melhor do que ninguém. Dialogar não é crer da mesma maneira, mas dar o direito de ouvir e falar, de aprender e ensinar. De permitir o respeitoso encontro humano, mesmo compartilhando idéias opostas. Poucas coisas são tão cristãs como isso.
6 - Em um mundo pós-moderno o que não pode faltar para quem deseja tornar-se um discipulo de Jesus Cristo?
Todas as crenças tem as suas virtudes, mas o cristianismo tem a GRAÇA. Ser tomado pela boa nova (evangelho) de Deus é o princípio de tudo. Saber que o que cremos não é uma idéia, uma doutrina ou outra coisa. O que cremos é uma Pessoa. Jesus Cristo, Ele é a verdade de Deus a todos os homens. Nosso relacionamento de fé é pessoal. Jesus está presente em nossa existência (Mateus 28.20) e Ele é quem dirige a Igreja.
O segredo desse tempo é não limitar Jesus Cristo ao quadrado religioso, mas reconhecê-lo em todos os lugares da nossa vida. Perceber que o sagrado e o profano não estão limitados à pessoas ou lugares, mas ao propósito e ao olhar.
7 - Quais os perigos do fundamentalismo religioso?
Todos. Destaco: fazer guerras em nome do Deus da paz; Promover o desencontro da Pessoa de Deus com o povo; Sacralizar o profano e profanar o sagrado; Atrapalhar a missão do reino; Criar novos personagens com os nomes da fé; Torna as pessoas preconceituosas, interesseiras, cruéis, bárbaras e fanáticas.
8 - Como você analisa o fenômeno religioso no Brasil?
Ligado a formação do nosso povo. Correndo sempre atrás dos benefícios. Sempre atrás de quem oferece mais. Da sorte que cai do céu e enriquece. Igrejas cheias de pessoas vazias. Cada vez mais pobre de conteúdo e forte de simbolismos e sensações. Mas não quero ser tão pessimista, tem gente séria também e coisas boas acontecendo. Neste caso, os grupos são pequenos e chamam pouca atenção. Mas existem e contribuem expressando o Reino. Creio que tem gente séria nestas grandes Igrejas cristãs acreditando que, pela Graça, a “andorinha um dia fará o verão.”
9 - Quais saõ seus sonhos e planos para o futuro religioso de seu ministério?
Desejo amadurecer. Crescer em Deus e para Deus. Desejo ser trabalhado por Deus e poder ser útil no lugar aonde Deus me plantou. Não quero pastorear as “ovelhas” que não são as minhas. Oro a Deus que me dê um ministério do tamanho dos propósitos que Ele tem pra mim e que me capacite para ser agradável a Ele. Não quero ser pastor de coisas e idéias, mas das pessoas que Deus me confiou e me capacita a cuidar. Quero ser guiado pelo Senhor Jesus Cristo, para guiá-las para Ele: “Tudo é dEle, por Ele e para Ele.”
10 - Pastor Mauricio, deixe uma mensagem para os nossos leitores.
Quando Deus nos criou Ele viu que tinha feito algo muito bom. Porém, em algum momento da caminhada erramos, passando a escolher e colocar óculos em nossa vida que fazem com que, olhando para nós e para os outros, vejamos apenas defeitos e limitações. As vezes, tentamos maquiar o que vemos e criamos coisas que apenas nos mudam o exterior. Só Deus nos muda a partir de dentro, todos nós temos defeitos e limitações, mas também temos um potencial extraordinário a ser descoberto. Somos uma jóia a ser lapidada e moldada pelo Criador. Jesus veio para arrancar estes óculos que não permitem ver o que de fato somos e, nos ajudar a recuperar o propósito original. Conhecer a Jesus Cristo, reconhecê-lo como nosso Senhor e Salvador pessoal e caminhar com Ele é trilhar o caminho de volta à perfeição. Permita o teu re-encontro com o Criador, envolva-se com Ele e permita a recuperação da excelência que é a tua criação.
http://flaviosobreiro.webnode.com.br/news/entrevista-de-agosto-pastor-mauricio-baniski/
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