terça-feira, 30 de junho de 2009

O desafio de ser gente – Por Rev. Mauricio Baniski



Crescemos tanto em possibilidades tecnológicas, conhecimentos científicos, nos meios de comunicação, enriquecemos em arte, na multiforme maneira em que a conhecemos, mas estamos perdendo cada vez mais o significado de ser gente. Hoje, muito nos é ensinado sobre o mundo, sobre a nossa profissão, sobre como alcançar nossos sonhos e realizar nossos projetos, mas aprendemos pouco ou nada sobre a vida que realmente importa, sobre sermos humanos e compartilharmos essa humanidade. Nossa essência parece ser algo menos importante, menor. Temos tantas coisas pra fazer, pra descobrir, pra conquistar e achamos que ser gente, vai tomar nosso tempo, vai nos privar de conhecer e fazer mais, ir mais longe. E, aí, escondemos nossos sentimentos, vamos acumulando traumas e ressentimentos, sufocamos o ser dentro de nós, criamos muralhas em torno de nós mesmos, aprisionando o que somos, viramos robôs e marionetes de um sistema anti-humano que nos proíbe simplesmente ser. Agora mesmo, pensando e escrevendo, minha alma fica me pressionado, trazendo memórias de tantas coisas que tenho que fazer ainda hoje.

Precisamos parar para ouvir a vida dentro de cada um de nós. E, ser gente é parar para ouvir e falar, é abraçar, rever os amigos e demonstrar a importância de cada um, mostrar o quanto ama sua (seu) esposa (esposo) mais vezes que o necessário, visitar os avós, enquanto os tem, se é que ainda os tem, ou pelo menos pensar na existência deles e falar com a saudade, é sentar ao chão, brincar com as crianças, como criança e, quem puder se lançar ao colo da mãe, pelo menos em pensamento, para olhar a beleza de seu olhar e chorar a emoção do afeto maior, é ser protegido pelos braços do pai, mesmo que já finos, cansados e castigados pelo tempo e esforço, talvez, na memória do que foi ou, com perdão, do que poderia ter sido, é dar-se o direito de contemplar uma flor, um jardim... A impressão que tenho quando olho pra maneira em que vivemos é que sempre deixamos a prática da humanidade mais para a frente, mas nunca chegamos lá. Urgentemente, precisamos ir ao nosso encontro, indo ao encontro do próximo. A felicidade ainda reside nos lugares mais simples e, simplicidade é simplesmente ser.

Corra para abraçar quem você ama, mesmo que seja você mesmo, faça isso ainda hoje, encontre-o(a) num lugar que não seja somente a saudade. Se entregue a partilha de quem você é, derrube as muralhas, ouça mais e fale, fale de seus medos, de sua vida, não tenha medo de se entregar a quem você ama, de perdoar. Corra o risco de ser gente. Peça conselho às crianças, até aquelas de cabelos brancos que também já brincaram de ser grande, se sente ao chão. Se quem você ama se foi, não fique lamentando e culpando seu ser, celebre o que dele(a) há em você, faça uma homenagem a cada lembrança sendo uma pessoa melhor. Procure sentir aromas diferentes, olhar as coisas de ângulos que nunca viu, conhecer pessoas novas, viajar, viaje mesmo que seja para dentro de você. Há lugares lindos em nós mesmos, lugares que nem imaginamos que existem.

Boa Vida Pra Você

Pastor Mauricio Baniski - 30 de junho de 2009.

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