sexta-feira, 10 de julho de 2009

ROBERTO MARINHO


Pedro Bial - Editora Jorge Zahar Editor / 390 páginas

Todos que buscam o autoconhecimento já devem ter ouvido essa frase: “O sucesso não acontece por acaso”. E podemos constatar isso na biografia de Roberto Marinho, pois ela deixa pistas de hábitos que inevitavelmente levam ao sucesso. Muitos o acusam de monopolizador. Com monopólio ou sem monopólio, outras pessoas enriqueceram com televisão no Brasil (Silvio Santos-SBT, Edir Macedo-Record, João Saad-Bandeirantes). A verdade é que muitas pessoas buscam desculpas para os seus fracassos, e a primeira delas é sempre essa: “Não faço sucesso porque os grandes ficam com tudo para eles”. O mundo é cheio de oportunidades. Roberto Marinho aproveitou as suas. Quem sabe, ao ler sobre este homem notável, você passe também a aproveitar e, principalmente, perceber, as oportunidades que surgem todos os dias a cada nascer do sol para todos que pisam sobre este maravilhoso planeta. (Tom R.)

A partir daqui, todas os textos são redigidos magistralmente por Pedro Bial, que por vezes assume um tom quase poético, estilo que lhe é peculiar.

Tratar de suas memórias, redigir sua autobiografia, ou deixar que alguém fizesse o trabalho, ainda que por ele encomendado, seria reconhecer a finitude.

Roberto Marinho sempre adorou a idéia de esgrimir com idéias. Tinha o dom de reconhecer talento e o hábito cultivado de reverenciar a inteligência – era um caçador de cérebros. Quando se encantava por alguém particularmente brilhante, chamava para perto de si, se aquecia e crescia à luz alheia. Caçando cérebros, multiplicou braços.

Sim, é claro que também passei pela lavagem cerebral promovida por certa “esquerda” brasileira, na universidade e fora dela, que a tudo simplificava, enfiando-nos mastigadinho goela abaixo a explicação de toda a tragédia nacional, gente sempre pronta a atribuir todos os males do Brasil ao mais destacado capitalista brasileiro.

Vamos juntos, leitor, descobrir quem foi esse sujeito que de sobrenatural não tinha nada, vamos assistir de olhos limpos e abertos a esta história que narra não apenas a trajetória de um indivíduo. É sobretudo uma história sobre o que pode o indivíduo.

Era extremamente austero com dinheiro, pão-duro mesmo.

Trabalhava muito, mas não vivia para o trabalho; trabalhava bem para viver melhor ainda.

Antes de teimar em ter razão, aprendeu que é mais valioso conhecer as razões.

Insistia na célebre máxima: “Mais importante que vencer é convencer”. Sem dúvida adorava mesmo ganhar, mas fazia questão da competição. Sem adversário a ser abatido, qual é o sentido de lutar?

Participar de competições esportivas talvez tenha sido uma maneira que Roberto Marinho encontrou de extravasar, de forma física, seu espírito guerreiro. A condução do jornal e das empresas sempre exigiu muita paciência, habilidade diplomática e resignação.

Não se conformava com a baixa estatura. Usava sapatos conhecidos em inglês como elevators. Além de saltos altos aparentes, estes calçados guardam um segredo: uma espécie de palmilha que funciona como mais um salto interno, invisível.

Não completou o curso secundário.

Ele era muito exigente, mas dava toda responsabilidade para você. Ele nunca foi um centralizador. (José Aleixo)

Roberto me falou: “Eu vou lhe dar um conselho: a humildade, se você não tem por virtude, precisa ter por esperteza. É preciso cultivar”. (José Luiz de Magalhães Lins)

Todos se admiram com o fato de Doutor Roberto ter começado a TV Globo aos sessenta anos. Porém, mais revelador do que este destemor frente à idade é a informação de que o primeiro parecer favorável à concessão de tv ele conseguiu em 1951. No início do segundo governo Vargas, menos de um ano depois da chegada da tv ao Brasil.
Roberto Marinho perseverou quatorze anos até pôr o sinal da TV Globo no ar.

Ele não era nostálgico. Não tinha saudades históricas: era um homem sempre voltado para o presente, para a construção das coisas que ele estava fazendo. (José Sarney)

Os artistas brasileiros mudaram de condição social com a TV Globo. Ele deu um padrão de dignidade ao artista brasileiro. (Jorge Serpa)

Não existia o tempo para ele. (Ruth Albuquerque)

Primeiro, ele tinha horror de avião e helicóptero. Depois, o horror virou paixão, mania. (Rogério Marinho)

Eu prefiro ser traído a desconfiar de todo mundo. (Roberto Marinho)

Foi o início de um cerco implacável contra Roberto Marinho. Toda a concorrência aproveitou a oportunidade e se organizou em campanha para eliminar a TV Globo. O sindicato das Empresas de Jornais e Revistas de SP publicou um manifesto à Nação para denunciar “a invasão estrangeira na imprensa brasileira”. Numa carta de 19 de janeiro de 1966, declinando do convite protocolar feito por Chagas Freitas, representante patronal na época, para comparecer a uma reunião em que seria o principal alvo de ataques, Roberto expunha claramente a sua posição: “... sou absolutamente contrário a qualquer campanha de fundo xenófobo. Acho que nós, jornalistas brasileiros, não devemos eliminar concorrentes, mesmo estrangeiros. Adolfo Bloch é russo, mas isso não impediu que ele fizesse esplêndidas revistas, bem brasileiras. Outros estrangeiros têm trazido as suas contribuições, editando excelentes publicações. Entre um mau brasileiro, capaz de uma vilania, e um bom estrangeiro, correto e que se afeiçoa ao nosso país, prefiro este, mil vezes”.

Como diz o personagem de Alan Alda no filme “Crimes e pecados”, de Woody Allen: “Comedy is tragedy plus time”. Em português: “A comédia é a tragédia depois que o tempo passou”, ou algo como aquele consolo que a gente se dá nos piores momentos: “Um dia, ainda vamos rir de tudo isso”.

Aos setenta e seis anos, Roberto Marinho repetia: “Ainda há muito o que empreender”.

Arte não tem pódio, não faz sentido numerar talento ou mérito.

Doutor Roberto detestava desculpas e dizia: “Eu não estou querendo apurar culpa. Eu quero saber o que nós vamos fazer para não acontecer mais”. (Boni)


Resumo do livro postado no ótimo blog. maisdemilfrasesdeefeito.blogspot.com

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